AINDA (Poesia de Vinícius Bovo de Albuquerque Cabral)

1

Ainda : não é gota
(ou muitas- então- nenhuma)
essa água cilíndrica a destilar-se
sob o defeito da torneira, ainda.

Não é gota, tampouco cilindro:
oscila, hemisfério mínimo,
depois do registro.
A louça por lavar, ainda.

Embora vertigo,
inda não é gota:
não há gozo antes do abismo.

Mas o antegosto da gota queda-se livre:
desapego que conforma em glóbulo
o deixar-se envasar de todo líquido.

2

Não é ruído: ainda descida
o silêncio esférico de uma gota
secciona o sono da casa vazia

Do cobre ao exatíssimo antes
de se tornar audível,
outra gota amplia a noite:
latifúndio, mais e ainda.


3

No hemisfério sul insones auscultam a penumbra,
que é aquosa: outra mais e mais outra gota,
em fila indiana ainda,
estilhaçam os ouvidos (fragilíssima louça)
de quem jamais dormiria: ainda.






Autor: Vinícius Bovo de Albuquerque Cabral
Contato: aindapoesia@uol.com.br
Blog: http://aindapoesia.blog.uol.com.br

Concurso: I Concurso de Poesias do SESC-RO - 2011
Organização: SESC de Rondônia
Classificação: 1º Lugar

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