Homem, criatura errante que tem vagado
improficuamente pelos séculos em fúria:
primata descarado que vive acorrentado
à fria ampulheta de luzes e trevas da história...
Macaco matreiro que caiu da árvore,
seu bipedalismo conferiu-lhe evolucionária vantagem
para percorrer a geografia de todo o orbe terrestre;
sobreviveu estoicamente à glaciação das eras
e deixou pintada, nas paredes das cavernas,
a imagem ocre de suas mais vãs crenças e ilusões;
talhou sorrateiramente a obsidiana e domesticou o fogo,
as constelações, os cereais, o falcão e o lobo.
Tendo vertigens, interrogo-me: quem lhe domesticará, ó Homem!?
Ah! Homem…, olhando fixamente para o espelho
reconheço-me sinistramente em sua figura,
pois quantas vezes fomos largados e, feridos e desolados,
uivamos incompreensivelmente juntos, a noite, para a luz da Lua,
as mais nuas e cruas angústias existenciais de nossa espécie??...
Homem, no torpor de nossa raça, no turbilhão das gerações,
o fruto amargo de seus genes condena-me, ó ser mundano,
pois já fui habilis, já fui erectus, sou sapiens
e agora só me resta: SER HUMANO!...
Autor: Rodrigo Petit
Contato: rodrigopetit@gmail.com
Blog: https://about.me/rodrigopetit
Concurso: 50º Festival de Música e Poesia de Paranavaí - 2015
Organização: Prefeitura Municipal de Paranavaí
Classificação: Poesia premiada no festival, na fase nacional
Vídeo da interpretação da poesia na noite de premiação: https://www.youtube.com/watch?v=Lx-TJ8c6Csc
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