PALAVRAS (Poesia de Regina Araujo)

Palavras são como pétalas de flor na boca de uns,
lavas de um vulcão em furor nas mãos do lapuz.
Palavras são esquecidas por aquele que maltrata,
e eternamente vividas pelo que recebe a chibata.

Palavra não tem polaridade.
Pode ser bem ou mal usada
independente da idade.
Há os que a têm em sua boca,
Mas não a mantém em seu coração.

Palavras dão vida e matam
àqueles que as acatam
seja por vontade ou coação,
liberdade ou submissão.
Palavra é fogo que gera luz
e loucura da indignação que produz.

Palavra é o jardim florido que fala por si mesmo
e também o canhão que explode a esmo
deixando deserto os escombros da vida.

Palavra amadurece, enlouquece, salva e seduz...
A palavra tem muitas funções.
Depende mesmo é do sentimento
que há em nossos corações.
E este é o único elemento
que a palavra não inventa.
Ela pode ser usada em qualquer situação,
e até mesmo o seu silêncio, tem definição.

A palavra carrega o cheiro do ódio,
e espalha pelo ar o perfume da imensidão.
Eu não tenho palavras
para expressar minha felicidade,
nem tão pouco para conceituar a maldade,
seja como doença ou característica de personalidade.

Um Homem que não tem palavra
é um nada perdido na vida.
O Homem que emudece de palavra
deixa se esvair no vento
o sentimento de profunda acolhida.

Palavra é arma que faz nascer ou morrer,
e quem não conhece seu verdadeiro poder
não visualiza seu darma.

Há os que usam a palavra
como exercício de auto-sugestão.
Ato de pura ilusão
de quem no fundo é meramente
um Homem sem-palavra,
pois a palavra que sai da boca da mente
é a marca de um coração ausente.
Trava que azinhavra o poema,
e não passa de simples algema.

Blasfemo, gemo e solto meu grito extremo.
Tua palavra sistêmica
jamais prenderá minha alma polêmica.

Não vou parar de falar!
Não vou esperar o tempo certo de escrever!
Pois apenas em tua escravizada mente
existe esse inconveniente.
Meu tempo é agora!
Minha palavra é hoje!
E se não consegues dar valor, penses bem,
pois não tens é qualquer sentimento de amor.

Porque a minha palavra
não é simples garrancho em papel.
Palavra é ato, é céu.
Palavra é o que sou,
tudo que me restou.







Autora: Regina Araujo
Contato: regina.araujo.escritora@oi.com.br
Blog: http://muraldosescritores.ning.com/profile/ReginaAraujo

Concurso: Concurso Toma la palabra, toma el mundo - 2012
Organização: Assembleia Popular Paseo de Extremadura - Espanha
Classificação: Seleção para publicação

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