A NATUREZA NA SENSUALIDADE (Poesia de Regina Araujo)

Alguns acham que sou assim:
excessivamente sexualizada.
E isso causa um pouco de confusão.
É verdade, eu confesso de antemão,
que tem tesão demais em mim.
Só que nem sempre entendem direito
como funciona essa parada
e ficam achando que sou meio fora de eixo,
um tanto quanto desvairada.

O fato é que faço amor ao levar um caixote no mar,
com a onda me embolando
e na areia meu corpo esparramando,
quando já não sei mais quem sou eu
ou a praia ao luar.

Gozo com o céu
ao voar de asa delta sem qualquer véu.
Dou uma rapidinha com o lago
ao descer pela tirolesa num ato destrambelhado.
Deixo rolar uma relação de alta qualidade
ao me permitir ser levada nua
pela correnteza do rio na pequena cidade.

Me envolvo completamente com o vento
ao abrir os braços no alto da colina
e deixar meu corpo ao relento,
ser totalmente tocado, como uma messalina
por esse deslumbrante elemento.

Me deito com a relva
e passivamente me entrego ao sol,
que silencioso
penetra minhas entranhas como uma selva.
Flerto com as borboletas
e maliciosamente
acaricio as pétalas das flores
deslizando vagarosamente meus dedos
em seus aveludados pêlos.

Literalmente trepo nas árvores livres
com movimentos cautelosos e firmes.
Escorrego na grande pedra da cachoeira
atingindo o clímax de prazer
ao mergulhar na água, de brincadeira,
estritamente gelada, e reviver.
Ainda não transei na neve
nem conheço as geleiras.
Porém, não deixam de fazer parte,
essas companheiras,
do meu sonho mais perfeito e breve.

Você tem razão
meu Mestre de sonho e ilusão.
Transo com tudo que é possível.
Às vezes, até mesmo com um homem aprazível.
Principalmente quando me deixo simplesmente
por inteira, a dominar pelo seu fixo olhar.

Aí é simplesmente estrondoso estar com você.
O desejo descomunal de um mínimo instante-mudo
em que através dos seus olhos, embevecida,
eu gozo com o mundo.
O símbolo do amor mais puro
a tudo que chamamos impulso de vida.

Esse é meu sexo ardente,
meu jeito de amar cada dia
e de livre e abertamente,
viver cada instante
refletido no espelho incessante
da nossa concreta poesia.

E se na finitude rápida do meu fogo-vida
não houver tempo de a neve experimentar
nem derreter a geleira, a mim bastará
ter sido por um breve momento da arte
desnudada em seu mais profundo olhar.







Autora: Regina Araujo
Contato: regina.araujo.escritora@oi.com.br
Blog: http://muraldosescritores.ning.com/profile/ReginaAraujo

Concurso: Poesias à Flor da Pele - 2012
Organização: Geração Editorial
Classificação: 3º Lugar

Concurso: XXIX Concurso Literário da UNISO - 2010
Organização: Universidade de Sorocaba - SP
Classificação: Finalista (com o título Sensualidade aflorada)

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